quinta-feira, 10 de março de 2011

Sem estrutura e reflexão não há cidadania

Somos cidadãos capengas por conta da péssima estrutura do nosso país ou nosso país tem péssima estrutura por conta de sermos cidadãos capengas? A pergunta surgiu por conta da dificuldade do brasileiro de exercer a sua cidadania de forma plena. Não é algo meu, mas de várias pessoas que não entendem porque não conseguem seguir as regras, as leis e a conduta adequada para um perfeito convívio social e manutenção do nosso patrimônio e do bem comum.
Particularmente, me pergunto porque nos Estados Unidos, quando lá morava, eu era um cidadão exemplar? Cidadão que dormia e acordava bem, seguindo os horários, seguindo as regras, tanto familiares quanto do estado, de forma impecável e honrando a todo compromisso, o qual propus arcar, com muita eficiência.
Não sei se consigo explicar, mas lá as coisas funcionam. O ônibus estará no horário certo e aí a previsão de chegada será obedecida, por não haver engarrafamento ou coisas do tipo. As estradas são ótimas, comportando a todos os carros e bem sinalizadas. No colégio, quando fui tirar documentos que eu precisava, tudo foi rápido e não demorou mais de um dia. Os horários de almoço (ainda no colégio), eram todos obedecidos e as excursões então, que eram várias, também tinham seus funcionamentos com tudo sob controle.
Não digo que a América é perfeita, mas lá as coisas parecem funcionar e te ajudar a fazer o que é correto, do ponto de vista social. Em resumo, eles te dão a estrutura e você devolve com cidadania, mantendo tudo em ordem e andando.
Eu não vejo o brasileiro como um baderneiro, que urina na rua, porque quer. Que fura o sinal ou para em cima da faixa por gostar de transgredir. Vejo o brasileiro, como uma camarada sem instrução e que não teve estrutura o suficiente para entender como um cidadão deve se portar em espaço público. E aquele que teve instrução e sabe como se portar em vias públicas, vira vítima da falta de estrutura, que o estado o impõe.
No carnaval carioca, tivemos centenas de pessoas detidas por urinarem nas ruas da cidade. A pergunta que surge: Há tantas pessoas que agem de má fé no espaço público ou a falta de banheiros químicos é o principal fator? Qual a qualidade desse banheiro químico?
Não estou no Rio e não posso apurar realmente se a estrutura destinada aos foliões é boa ou ruim, mas baseado pelo que sempre vejo, dos governantes brasileiros, já creio na falha por parte do serviço público. 



Nesse vídeo acima, mostro o caos que está o trânsito de São Luis, capital do Maranhão, cidade a qual moro e nasci. Notem que no vídeo, eu, Lucas Muniz Hadade, autor desse texto, é um transgressor da lei. Engatei a marcha ré e entrei com o carro em uma contramão, onde outros carros se acumulam aguardando o retorno. Sinceramente amigos, tenho total noção da manobra irregular que fiz, porém estava sendo vítima da falta de estrutura das vias de São Luis. Nesse mesmo video, outros fizeram manobras irregulares, fecharam cruzamento, pararam em cima da faixa de pedestre (essa apagada)... Enfim, um show de violações. Como culpar o cidadão? Se não tivéssemos tomado tais atitudes, estaríamos como? Digo ainda, que o fato de muitos terem "saído pela tangente", de forma irregular, foi o que desafogou o trânsito naquele momento.
Sem falar no cotidiano, que temos que lidar com buracos, carroças, bicicletas, pessoas a pé, todos esses dividindo as ruas e avenidas com carros e ônibus. O camarada que anda de bicicleta não tem uma via especifica para o seu meio de transporte, o carroceiro sofre do mesmo problema. Já quem está a pé, em muitos trechos, nem de calçadas pode desfrutar.
Complicado, além de ser a formula perfeita para acidentes. E com acidentes, mais trânsito lento. Que ciclo...
Somente pagar imposto é o suficiente? O saudoso Paulo Francis dizia que no Brasil não existe imposto mas sim doações, até porque não temos retorno por parte do poder público.
No fundo a nossa capenguisse é alimentada por aqueles que estão no poder, até porque aqueles que estão no poder, são gente da gente. Quando afirmamos a incompetência do políticos, afirmamos também a nossa incompetência. Os políticos não chegaram aqui do espaço, de outro mundo ou algo assim... Se não confiamos neles, não confiaremos na gente. Eles seguem a cultura administrativa, que nós brasileiro seguimos.
Onde quero chegar? Na reflexão. O brasileiro precisa começar a pensar em pequenas soluções, em pequenos gestos. Se temos noção que somos cidadãos capengas e que não podemos depender do poder público para várias coisas, que tal se tivéssemos mais cooperação? Pequenos gestos e ideias podem proporcionar resultados grandes. As vezes, protestar, não é necessário com um milhão de pessoas ou com toda a população de uma cidade, mas com poucas e atuantes. Pode-se criar campanhas e estimular hábitos. Uma campanha do tipo: "Não pague o IPVA do seu carro e use esse dinheiro para tapar o buraco da sua rua." Seria um gesto que no mínimo chamaria atenção.
Eles iam fazer a apreensão de 20.000 carros? O que são 20.000 pessoas para a cidade de São Luis, que possui mais de 1 milhão de habitantes?
De fato isso é apenas um exemplo, mas há diversas ideias e um número mínimo de pessoas que são instruídas e dispostas para por as ideias em prática. Reflitamos!
 

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