sexta-feira, 4 de junho de 2010

Contra os discursos à brasileira.

Existe um comentarista de esportes na ESPN, chamado Mauro Cezar Pereira. Recentemente ele criou uma campanha que tem como objetivo, extinguir a mania dos juízes de futebol, brasileiros, de marcarem penalidades máximas por qualquer contato, mínimo que seja. O chamado penalti à brasileira.
Eu quero levantar outra campanha. O fim dos discursos a brasileira.
Discursos a brasileira é aquela mania que brasileiro tem, de achar que a vida tem que ser sofrida, que só é válida a glória, quando você conquistou algo tendo que ralar muito e não satisfeito é preciso vim de baixo e ter sido afetado por todas as mazelas que alguém pode sofrer. Se você tem condições favoráveis e alcançou seus objetivos, alguém vai te golpear com a seguinte sentença: "Mas você nunca passou fome!"
Meu pai, que é meu pai, que estudou, que teve acesso ao livro que quis, que podia pedir qualquer tipo de literatura que desejasse ou seja que teve estudo, cai nessa ladainha. Me lembro que na minha infância ele me dizia pra eu valorizar a comida, a minha moradia e tudo mais, porque a vida não é fácil e eu só ia descobrir isso no dia que eu passasse dificuldades e coisas do genero. Aí ele se vira e profere: "Porque eu já passei fome...".
Eu descobri e vejo o valor das coisas, das pessoas, das ciências e de outros fragmentos da vida, sem ter precisado viver como um mendigo ou como um sujeito perdido no deserto do Saara. E sobre o fato dele ter passado fome: MITO! Quando perguntei a vovó, ela até se ofendeu. Vejo países desenvolvidos com otimos índices de educação e zelando por uma maior igualdade, mantendo assim seus índices sociais altos e com um belo detalhe: Seus cidadãos não precisaram sofrer pra verem as nuances da vida bem de perto. Meu pai é idolo, é DEUS é o senhor de tudo, mas errou nesse quesito de tentar me mostrar as coisas por esse lado. Claro que ele fez pensando no meu bem, mas o caminho não é esse.
Dando seguimento ao que exponho outro "pensamento" curioso é que brasileiro também acha que se você trabalhou menos de 6 horas, você não ralou. Se você não teve ou não tem uma longa jornada de trabalho, você é vagabundo, não sua a camisa e tudo piora quando você não precisa acordar cedo. Há aqueles velhos chavões, que dizem que o trabalho dignifica o homem e que Deus ajuda a quem cedo madruga. Tudo mentira. Se há um Deus, ele ajuda igualmente quem acorda as 5 da manha e quem acorda as 3 da tarde. E sinceramente, trabalhar 8 ou até 12 horas por dia é dignificante? Ser escravo era dignificante?
Se isso for verdade mesmo, então os ingleses, os franceses, os australianos, são tudo uns vagabundos indignos e que não somam em nada para o crescimento de suas nações.
Outra coisa detestável, é quando você encontra pessoas que acham normal você ter que misturar sua vida pessoal com a acadêmica e ainda entrelaçar tudo com a vida profissional. Eu sou conhecido na minha sala como o cara que assiste a todas as aulas e não faz trabalho algum. Mentira, eu faço. Porém só faço quando o trabalho é passado na sala, pois aquela é a hora que eu dedico a vida academica. Como vou fazer algo, que foi passado no horário da minha vida pessoal? Tenho família, tenho amigos, tenho que exercitar e estreitar os laços em todos os leques da minha vida pessoal. Se eu destinar mais esse tempo a vida acadêmica, vai sobrar o que pra vida pessoal? Vocês podem estar pensando: "Mas todos nos temos vida pessoal também e aí?" Resposta: Que bom, então saibam dividir suas vidas, pois todos os três itens acima (Pessoal, Acadêmico e Profissional) são importantes e precisam estar bem alinhados. Se vocês deixam trabalhos em demasia estragarem suas relações, azar o de vocês. (Lição dos franceses sobre a arte de viver. Por Paulo Nogueira.)
Fora que trabalhos não são as coisas mais eficazes para o meu meio de cognição. Eu tenho outras maneiras mais eficazes de assimilar um conteudo e as vezes os trabalhos até atrapalham. Já deixei de lado varias vezes, livros que eu estava lendo e que estavam somando muito ao meu intelecto, para ler uma obra que um professor me impos, por querer um seminario. Mas essa não é a questão e isso é pessoal, sei que há pessoas que aprendem bastante com esse método. O que não é o meu caso.
Sobre a má divisão das atividades, é por isso que hoje vemos pessoas estudando, trabalhando sem o menor foco. Tenho amigos que vão pra aula mais para ver mulheres e terem contato com elas, que para prestar atenção no que o professor argentino de sotaque complicado tem a ensinar. Dezenas passam horas e horas fora de sala conversando e fazendo amigos. Hora errada.
Outra coisa que espero dos leitores é a acusação de estar fazendo um discurso elitista. Não amigos, apenas quero que vocês saibam que há meios mais eficazes de produzir, de dividir o tempo e de ter uma vida plena. Eu pergunto a você: Você prefere ter como parâmetro e se espelhar nas sociedades maduras, com grandes indices sociais e com melhores oportunidades ou vocês preferem serem esfolados, vilipendiados e massacrados, como os cidadãos chineses, como o trabalhador da Somália, como o pai de família de Cuba etc. Nada contra essas culturas, mas somos cristãos ocidentais e temos o capitalismo como meio de produção e distribuição de recursos e nesses parâmetros devemos nos espelhar em sociedades similares, que possuam métodos mais eficazes e índices mais concretos.
E aí, qual estilo de vida você prefere?
A sociedade, somos nós quem fazemos. Vejam as primeiras linhas do livro Axiomas de Zurique (Clique para baixar), do escritor Max Gunther:
"Vejam o quebra-cabeça que é a Suíça. Essa minha terra ancestral é um lugarejo pedrento, com uma área menor que a do estado do Rio de Janeiro. Não tem um centímetro de litoral. É uma das terras mais pobres em minerais que se conhece. Não tem uma gota de petróleo que possa chamar de sua, e mal consegue um saco de carvão.
Quanto à agricultura, o clima e a topografia são inóspitos a quase tudo.

Há trezentos anos a Suíça fica fora das guerras européias, principalmente porque, nesse tempo todo, não apareceu um invasor que realmente a quisesse.
Com tudo isso, os suíços estão entre as pessoas mais ricas do mundo. Em renda per capita, comparam-se aos americanos, alemães e japoneses. Sua moeda é das mais fortes do mundo.
Como conseguem isto?"
Mentalidade amigos. Essa é a resposta. Um país vale pela mentalidade do seu povo e não apenas por suas riquezas naturais. O livro inteiro fala sobre investimentos em ações e como proceder diante das variações do mercado, porém muito da mentalidade que se aplica nessa area, serve também para a vida.
Ser penta campeão nunca encheu barriga ou pagou conta de ninguém. Já construimos o maior futebol do mundo, porque possuímos as maiores riquezas futebolisticas e criamos uma mentalidade vencedora, exorcisando o complexo de vira-lata que nos assolava.
Com as riquezas culturais e naturais que possuimos, chegou a hora de construirmos uma sociedade melhor, exterminando o complexo de vira-lata, agora nesse campo social.
Enfim, concluo o porque dos nosso jogadores e dos nossos cidadãos desejarem tanto uma oportunidade de jogarem ou trabalharem na Europa e em outros países mais desenvolvidos: Lá não existem os penaltis à brasileira e muito menos o discurso à brasileira.

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