sexta-feira, 25 de setembro de 2009

As lembranças dos orgulhos e vergonhas

Estava eu navegando aqui por varios portais, blog´s, colunas e o que mais se entender por sites com conteudos informativos e me deparei com uma bela iniciativa da globo.com: Buscar na historia dos grandes clubes do Brasil 10 jogos historicos.

O portal resolveu dividir a lista da seguinte maneira, 5 jogos que orgulham e 5 jogos que envergonham. Após sair a lista do Fluminense, eu me deparei com otimas e pessimas lembranças ou seja, os idealizadores da ideia conseguiram seu objetivo de resgatar lembranças e sensações que um club amado desperta em seus torcedores, pelo menos comigo conseguiram.
Vamos a lista do Fluminense dos ditos "jogos na memoria":

Dos que orgulham, o primeiro da lista é o obvio ululante Fla-Flu do Gol de Barriga.
Ah, o tal gol, eu tinha 7 anos de idade e me lembro de tudo, serio, não somente o gol, mas exatamente as reações de medo e de prazer que aquele jogo me deu sendo eu ainda uma criança. Certa vez, tempos atrás, navegando pelos blog e sites de futebol que existem pelo mundo virtual, me deparei com um artigo que um jornalista ingles escreveu sobre o futebol brasileiro. Falava sobre o frisson que a seleção de 1958 causou ao ganhar a copa de 58, porque o Brasil ganhou com uma superioridade enorme, encantando o mundo, mas ainda nem tinha uma liga nacional, apenas campeonatos estaduais. "Como o Brasil alcançou esse nivel, sem nem ter uma liga nacional?" Segundo o tal jornalista bretão, essa era a pergunta que o mundo fazia a respeito do futebol brasileiro, naqueles tempos. Voltando ao assunto do gol de barriga, eu resolvi mencionar esse rapaz, porque ele encerrou o seu texto sobre o nosso futebol com tais dizeres: "Existem 3 imagens classicas no futebol brasileiro: Os dribles de Garrincha, a bicicleta de Pelé e o gol de barriga."
Sim amigos, ele não especificou, somente falou "gol de barriga". Isso é claro, quando se fala "gol de barriga", não há necessidade de maiores explicações.
Eu vi esse jogo no apartamento de uma tia minha, que se encontra em São Conrado, bairro nobre do Rio. Lá estavamos minha familia e uma outra familia de amigos nossos, sendo eles todos flamenguistas. Me lembro que quando o Flamengo empatou o jogo, eu me retirei e fui brincar com os antigos brinquedos da decada de 80, que meu primo deixara lá em seu quarto vazio, pois o mesmo não morava mais lá. Depois eu voltei a acompanhar o jogo com o meu pai, que se encontrava em outro comodo do apartamento, vendo o jogo sozinho. Não sei o porque disso, mas ele estava lá e eu juntei-me a ele. O gol saiu, nos abraçamos e vi o primeiro titulo do Fluminense na vida. Em resumo, esse titulo significa muito para mim, por ser o primeiro e porque por um bom tempo seria a minha unica alegria com o Fluminense.

Dos que envergonham, o primeiro da lista ficou para a estreia na serie B de 1998, que ocorreu num sabado, 11 da manha, com a presença de 40 mil pessoas. Eu não estava lá. Meu pai nunca foi muito chegado a ir a estadios, sempre preferiu ficar vendo de casa e quando iamos, ele sempre achava babaquice as tais manias de torcedor. Essas manias de cantar batendo palmas, de se abraçarem, de xingar, de ficar pulando, coreografias... Ele mal comemora gol. Quando ele ia, ele ia por mim, mas era dificil, tinha desculpas prontas: "Ah é classico, vai tá muito cheio... vamos num que tenha menos gente". Ou então: "Não vale a pena a gente ir pra ver jogo contra time pequeno, deixa vir um jogo que valha a pena".
Esse jogo contra o ABC, foi o começo do inferno, foi pior que cair em si, pois eu, criança que era, tinha pra mim que a serie B ia ser algo otimo, pois eu ia ver o Fluminense jogando só contra galinhas mortas e com isso ia me brindar com uma vitoria toda semana. Não foi esse o roteiro que os deuses da bola pensaram e logo estavamos rebaixado e estreando na terceira divisão e com isso vem o segundo colocado nos jogos que envergonharam, a derrota na estreia da serie C para o Villa Nova-MG. Meu amigo, foi horroroso, pois no mesmo periodo eu conheci o Sampaio Correa, que até então por ter crescido no Rio, não conhecia. Quando eu digo que foi horroroso para o Fluminense, é porque durante uns meses, o Sampaio foi a fonte da minha alegria futebolistica. Normalmente você torce para clubes locais e escolhe um grande do sudeste para ser a sua fuga das decepções que o futebol local lhe proporciona, mas no meu caso foi o inverso. Um dia na historia o Sampaio esteve uma divisão acima do Flu e que durante uns meses foi ele a minha fonte de alegria no futebol. Você deve ter pensando: "Porra, mas o autor do blog, nem é tão fanatico, ele é moda." NUNCA! Em nenhum momento, disse que troquei o Fluminense, apenas disse que no mesmo periodo, conheci o Sampaio Correa, apresentado a mim pelo meu tio Zé Alberto, que me levava aos jogos durante as ferias e assim o Sampaio me dava alguma alegria. Mas só deixando claro, OBVIO que eu acompanhei o Fluminense em sua caminhada pela terceirona. Me lembro do surgimento do Roger, me lembro de na escola berrar "Magno Alves!", quando fazia gol etc.

Bom, o segundo jogo de orgulho para o Fluminense, segundo a reportagem, foi o Flu 3x1 Boca, pela libertadores 2008. Eu sinceramente, digo a vocês que a vitoria contra o São Paulo foi mais emocionante, pelo menos para mim. Mas concordo que em materia de orgulho, o jogo do Boca foi enorme pelo fato de não ser apenas o orgulho das tres cores que traduzem tradição, mas sim pelo orgulho do futebol verde e amarelo. O Boca olhava para os clubes do Brasil, como Hitler olhava para os judeus. O Boca é um rival odiavel, ele sempre é favorecido, é um club populista e acima de tudo é argentino. Com aquela pompa e mistica construida sobre La Bombonera, mas nunca blasé, isso reconheço, sempre valoriza e batalha por todos os titulos e quando perde não aceita facil, por isso é grande. Mas nessa noite, havia uma mistica maior, o Maracanã lotado é algo inigualavel, ainda mais quando a torcida que lá está nunca para de cantar. Pó de arroz, isso é algo acima de uma tradição, talvez o pó de arroz seja o alimento da alma, do espirito. Se algum dia eu tiver que defender o meu país numa guerra, eu me cobrirei de pó de arroz para ir a batalha. Assim como pintar o rosto é a camuflagem do corpo, o pó de arroz é a camuflagem da alma, que a deixa pronta para atravessar o bloco da harmonia, como diria o profeta Nelson. E a harmonia jamais atravessada desde o Santos de Pelé, não somente foi atravessada, como quebrada. Flu na final.

A terceira vergonha listada, foi a fatidica final de 2005, contra o Paulista de Jundiai. Me lembro que eles abriram 2x0 no primeiro jogo, onde o gramado foi molhado antes do jogo, como sempre o Paulista fazia. O pior é que o Fluminense se surpreendeu com isso. O Paulista vinha de uma classificação heroica, contra o Cruzeiro, onde chegou a estar perdendo de 3x0 na virada do intervalo, então o treinador Vagner Mancini escreveu na lousa do vestiario: Milan 3x0 Liverpool. A referencia ao historico jogo da final da Champions League do mesmo ano, deu certo e então com dois gols, o Paulista conseguiu a classificação, pois havia vencido o primeiro confronto por 3x1 em sua casa.
Sim amigos, quando soube que o Paulista de Marcio Mossoro iria fazer a final, eu fiquei feliz, achando que ia ser tranquilo. Pensei até em duas vitorias. Infelizmente vitoria tricolor foi um resultado que não ocorreu na final, em nenhum dos dois jogos. O joga da volta foi 0x0, com o Fluminense com mais de 80% de posso de bola, se isso serve de consolo. Me lembro que na epoca, fui até com a camisa do Fluminense para escola no dia seguinte ao empate da perda do titulo.

O terceiro jogo que orgulha, é a semi-final de 1984 entre Fluminense e Corinthians, 8 anos depois do suposto jogo da invasão. O primeiro jogo seria em São Paulo e eu não era nascido, mas pelo que aprendi da historia do Fluminense, esse jogo foi uma das mais perfeitas aulas taticas já vistas na historia do futebol brasileiro. O Fluminense teve autonomia e dominou todos os setores, sabendo brecar o impeto corinthiano e agredir quando tivesse chance. A prova do controle e da calma pelo lado tricolor, se dá ao analisarmos a eficacia tanto ofensiva, quanto defensiva. Quando fomos ao ataque, fomos muito perigosos. Abrimos o placar numa falta que o Dom Romero colocou na cabeça do Assis. Defensivamente tava tudo dominado, e o Corinthians ia todo a frente e só ciscava por não encontrar espaço. Já o nosso contra ataque dava medo, e essa seria a arma que mataria o jogo, com um gol de Tato.
Fluzão na final do Brasileirão contra o Vasco, que passara pelo Gremio, titulo mais que garantido.

O quarto jogo selecionado como vergonhoso, foi o jogo que me fez chorar copiosamente de baixo do chuveiro após desligar a televisão, por não acreditar.
Aquele jogo, foi o jogo que me fez bater no peito e falar que seria tricolor para sempre. Eu descobri o que era amor clubistico no dia 09/12/1995, quando o Fluminense, até então melhor defesa do campeonato brasileiro, não tendo perdido por mais de 3 gols em nenhum jogo da temporada, deixava a final do Brasileiro de 1995 escapar de uma forma cruel para a torcida. Eu costumo dizer que aquele jogo celou os pessimos 4 anos que o Fluminense teria no futuro. Se tivessemos passado, com certeza não perderiamos para o Botafogo. Voltando ao jogo, o Fluminense entrou em campo bebado, com clima de "já ganhou", cansado e cheio de churrasco na pança. Giovanni? Obvio que nós perdemos para nós mesmo. Claro o grande meia Giovanni, com um futebol refinado, teve uma atuação majestosa, guiando o peixe nos 90 minutos, mas ele não seria pareo, caso o Fluminense tivesse o minimo de profissionalismo naquela semana. Para quem achava que a lição de 1975, da semifinal contra o Inter tinha sido aprendida, esse time de Alê e cia, mais o time de 2005 e a LDU tratou de nos provar que não.
Fazer o que? Sobrou para mim, já com oito anos, ter trauma desse jogo. Serio, já revi a final de 2008 contra a LDU, mas nunca revi os gols desse jogo de 1995. Toda vez que tento, eu paro o video quando o Renato perde um gol cara a cara, quando o jogo ainda estava 0x0.
PROXIMO!

O Proximo jogo da vergonha, foi a perda da vaga na libertadores de 2005. Eu estava nos EUA essa epoca, pois estava fazendo intercambio e me lembro que tinha chegado a conclusão que a vaga estava perdida, após perdemos de virada o jogo em São Januario, para o Juventude. Exclamei puto: "Porra, pegar a vaga do Palmeiras em pleno parque antartica é que não vamos. Perdemos a vaga na libertadores". Claro amigos, nossa moral estava perdida. Mesmo puto, eu nos EUA não senti tanto o golpe, por simplesmente estar longe. Sim, as coisas parecem distantes e sem intensidade, quando não estão no seu cotidiano.

Os ultimos jogos do orgulho, são o gol de orelha de Doval e o lendario gol de Assis ao apagar das luzes. O primeiro, foi na suprema final do carioca de 1976, o ultimo titulo da Maquina Tricolor e foi suado. Quando nós jovens nos referimos a Maquina Tricolor, parece que o time fracassou, por ter deixado dois brasileiros escaparem, sendo que as vezes eu até costumo dizer que o Inter viveu a nossa historia, na decada de 70, pois ganhou o que era nosso. Mas não é bem assim, O Fluminense ainda é muito lembrado por ser o "show team" ou o "dream team" daqueles anos. Li uma vez, que a Maquina Tricolor, era mais ou tão aguardada quanto a seleção brasileira quando viajava aos lugares. Era como se o circo tivesse chegado a cidade. O time causava alvoroço e todos queriam ve-lo. Seriam eles os galaticos da decada de 70?
Enfim, não sei responder ao certo, não era nascido, mas as imagens e os gols fantasticos que eu pude ver daquele time, já falam por si só. Horta, como presidente, polemico presidente, que muitos idolatram e outros o crucificam por ter permitido no mesmo ano de 1976, que a Fiel torcida do Coritnhians quase dividisse o Maracanã com a nossa torcida. Dizem que muitos tricolores ficaram do lado de fora do estadio naquele dia.
Pro bem ou para o mal, mas acredito que mais para o bem, a Maquina Tricolor com suas brilhantes atuações e jogadas e com seus grandes titulos cariocas, está na historia do futebol nacional.
O Quinto, mas não menos importante jogo que orgulha aos tricolores, é o famoso gol de Assis, por de baixo do goleiro Raul Plassmann. O temivel Flamengo da decada de 80, para os outros, não para o Fluminense. O impedimento de Adilio é assinalado e então Rondineli, o deus da raça, entrega a bola nas mãos de Jandir, que sem pensar poe a mesma na grama e toca para Delei que lança para a corrida de Assis, nas costas de Junior, o resto a historia conta...

Raul, goleiro rubro negro uma vez revelou que o numero do seu calçado é 42 (se a minha memoria não me trair) e brincou dizendo que se ele calçasse um numero a mais, aquela bola não entraria. Fora outras historias, como uma que dizia que o goleiro Raul, tinha um vizinho tricolor, que quando ficava resfriado espirrava: "Assisss, Assiisss".

Enfim, após analisar essa lista de bom gosto e que resgata algumas partidas historicas do Fluminense, podemos perceber que:

-Todas as 5 partidas da vergonha ocorreram após a decada de 80, ou seja, eu infelizmente não só presenciei a todas, como tenho lembranças delas.

-As duas primeiras que servem de orgulho, eu não só era nascido, como as vi acontecer de perto.

-O Fluminense tem grandes jogos, titulos e glorias em todas as decadas, mesmo nas piores.

-O Fluminense não teve uma época ou geração, mas sim sempre foi grande em todas as epocas, até quando pareceu menor.




O Fluminense não tem tradição, o Fluminense é a tradição!
(Nelson Rodrigues)



Abraços e Saudações Tricolores.

2 comentários:

  1. Ta agora fala do flamengo..rsrsrs brincadeira
    nao me ligo em futibol mais gosto das estorias q emvolve esta atimosfera, acho de verdade que os clubes tem que ter torcedores mais fieis, pos vejo muita gente q qundo o seu time perde, comessa chingar e tal, nao q nao meressece, mais devem lembrar que o torcedor tabem é o time e se o time perde os torcedor tabem deve baixar cabeça, e se ganha comemora como sempre.sei la so ignorante, eu torsso mesmo é po natuto venser os Akatsuki.

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